terça-feira, 18 de agosto de 2009

Diário de Coimbra - jornalista fala sobre ladrões "especialistas" em arte sacra

Escrito por José Carlos Silva
Cantanhede
“Especialistas” em arte sacraassaltaram Igreja de Covões
Ladrões claramente “especializados” e conhecedores de arte sacra assaltaram na madrugada de ontem a Igreja Matriz de Covões, freguesia de Cantanhede, através de arrombamento de uma porta lateral do templo, que dá acesso à sacristia. O assalto foi detectado ontem de manhã, bem cedo, por volta das 7h00, altura em que um paroquiano se dirigia ao cemitério (situado ao lado da Igreja) e reparou na porta arrombada, alertando de imediato a sacristã Maria Isabel Pires e o pároco Henrique Maçarico.«Foi um grande choque. Profanaram o sacrário sagrado, o altar, deixaram um rasto de destruição e levaram várias peças sagradas. É desolador e aflitivo ver uma Igreja assaltada e vandalizada», desabafou ontem ao nosso Jornal o padre Henrique Maçarico.Os assaltantes dirigiram-se ao altar, arrombaram o sacrário e levaram o Pixive, nome religioso dado ao vaso onde são colocadas as hóstias sagradas, cujo valor – salienta o pároco, «é bastante elevado devido à sua antiguidade», além de deixarem o sacrário danificado.Os ladrões começaram por arrombar a porta de madeira em talha dourada do sacrário para roubar o Pixive e o Cálice Sagrado, mas depararam-se com outra porta, esta em ferro e com um código de abertura, que também conseguiram arrombar com a ajuda de uma rebarbadoura e levar aqueles objectos de arte sacra de valor incalculável. De seguida, conta o sacerdote, foram à sacristia e lavaram cálices de prata «igualmente de grande valor», deixando atrás de si um rasto de destruição.Ladrões que sabiam ao que iam e o que queriam, pois limitaram-se a levar alguns objectos de arte sacra mais valiosos e outros provavelmente de menor valor e/ou sem saída no mercado clandestino não interessaram. Nem mesmo as várias caixas de esmolas espalhadas pela Igreja foram alvo da sua cobiça, o que deixa a entender que o assalto foi estratégico.Aliás, os autores da proeza da madrugada de ontem poderão ser os mesmos que assaltaram a Igreja dos Covões há oito meses atrás, dia 8 de Dezembro, onde, nessa ocasião, os amigos do alheio também só se interessaram por imagens de arte sacra valiosíssimas, como foi o caso de uma imagem de Nossa Senhora em madeira maciça, com 1,20 metros, com mais de 80 anos, e outras duas em terracota igualmente antigas e de valor in-calculável, com a imagem de Rainha Santa e de um Anjo da Guarda.Imagem recuperada pela PJO pároco Henrique Maçarico estava ontem desolado com mais este assalto à sua Igreja. «Não só para mim, mas também para a comunidade da paróquia, este crime foi um choque emocional», referiu o reverendo ao nosso Jornal, lembrando o roubo efectuado em Dezembro passado. No primeiro assalto, a imagem de Nossa Senhora furtada foi classificada de «bastante valiosa» dado a sua antiguidade, datada de 1940, e pela autoria da peça, da Escola de Thedim, «a mesma que esculpiu a Capela das Aparições», no Santuário de Fátima, revelou o sacerdote. Imagem que foi recuperada pela Polícia Judiciária três meses depois do assalto, em finais de Março passado, a qual estava na posse de um antiquário, sendo devolvida à Igreja.A GNR do destacamento de Cantanhede, que tomou conta da ocorrência, esteve ontem toda a manhã no local com uma equipa do Núcleo de Investigação Criminal (NIC) que, face à tipologia do crime, alertou a Directoria da Polícia Judiciária do Centro, a quem compete a investigação. Inspectores desta polícia também passaram a manhã de ontem na Igreja, onde recolherem depoimentos e efectuaram as necessárias diligências que os leve à identificação dos autores do crime

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